miércoles, 21 de julio de 2010

COMO SOMOS REALMENTE?





A deliciosa comédia do genial Billy Wilder "Quanto mais quente melhor" acaba com estas palavras que toda a gente conhece e usa: "ninguém é perfeito"...
De facto sabemos que é assim, mas até que ponto somos verdadeiramente conscientes das nossas falhas particulares, até onde nos conhecemos a nós próprios, fazendo caso do conselho de  Sócrates?
Não deve ser tarefa fácil, pois se realmente fôssemos conscientes dos nossos defeitos, suponho que os corrigiríamos e seríamos todos estupendos. Uma análise rigorosa para dentro de nós não é a mesma coisa que para fora, para observar os outros com olho crítico, imparcial, às vezes implacável mesmo. Quem somos realmente, somos como julgamos que somos, ou como nos vêem os que nos conhecem? Temos uma identidade, ou pelo contrário temos muchas — como pais, como filhos, como amantes, como amigos, como chefes, como subordinados, como jovens, como velhos?...
— Para os outros somos os nossos actos, que é o que se pode calibrar, no fim de contas. Nas horas de balanço somos o que fizémos e o que deixámos de fazer também, o que dissémos e o que calámos, (que tão significativa pode ser uma coisa como a outra),  somos, enfim, essa delicada urdidura que nos vai definindo  como pessoas: seres sedutores ou sem encanto, educados ou grosseiros, humildes ou pedantes, temperamentais ou sossegados, resolutos ou indecisos...Podemos ser expressivos, enérgicos, divertidos, optimistas, simpáticos, cultos, elegantes, carinhosos, pragmáticos, coerentes, generosos, corajosos, humildes, constantes, metódicos, podemos ser reflexivos, sensatos, trabalhadores, asseados, responsáveis, sinceros, sensíveis, bondosos, inocentes, ingénuos.....
Tantas coisas que podemos ser ou deixar de ser! Nos vamos fazendo à base de cair e levantar-nos, que é um saudável exercício!
Como disse Sir James Barrie," a vida é uma longa lição de humildade", cada pessoa pode melhorar, mas só com respeito a si mesma.
Edifiquemos uma razoável auto-estima com o que temos, não com o que nos falta, com o nosso curriculum vitae y sem exigir a ninguém aquilo que não conseguimos para nós mesmos!

7 comentarios:

  1. Boa lição de sabedoria, minha querida Maria! Gostei muito de te ler.
    Sir James Barrie tem razão, se bem que não seja fácil sempre consegui-lo, não é?
    Beijinhos e continua!
    Tua M.J

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  2. Tens toda a razão, não é nada fácil, e quem esteja livre de culpas, que lance a primeira pedra. A ideia era transmitir a minha inquietude pelo que posso despertar nas pessoas que me interessam. Quem sou eu para dar lições,¡¡diós mío!!
    Beijinhos

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  3. e dizer que me tinhas ocultado os teus dons literários durante todos estes anos de amizade !!!!gosto imenso!... agora que te descubri(LOL) seguiré lendo te com un prazer nao dissimulado.... Bravo!!!bjs e abraços

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  4. Sei que és a Ana (telefonei para confirmar).O que nunca saberás é o que significou naquele momento para mim a tua chegada à minha vida —esse vendaval de "charme",esse estar tão perdidas as duas num sítio estranho,LOIRA ASQUEROSAMENTE SEDUTORA!!!

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  5. Antes do comentário. deixa-me rir com o "Loira asquerosamente sedutora!!!"
    É preciso ser muito amiga para chegar a esses termos.

    Este texto expressa exactamente o que penso. Há pouco quando estava a responder ao teu comentário, até escrevi primeiro uma coisa que depois apaguei, para reduzir, porque me estava a alongar demais. E era precisamente a pergunta: será que a Madre Teresa de Calcutá e o assassino de Beja (não sei se ouviste o caso) seriam os mesmos se a vida e o local onde viveram fosse diferente? Ninguém pode responder, mas à partida somos mesmo todos iguais ou não?
    É impossível dizer, não é?
    Gosto muito do que escreves, Maria.
    Eu não consigo às vezes deixar de julgar. Não queria, mas não consigo. Por exemplo neste caso de Beja, não consigo impedir-me de julgar o assassino um monstro sem perdão. E lá vem a pergunta? O que será que o levou a ser assim? Parece que esteve na guerra do ultramar, mas as pessoas que lá estiveram não andam todas por aí a matar a família. Será que ele já nasceu assim, com esta "maldade"?
    É um tema fascinante. Porque somos o que somos? Será que se podia evitar ser "mau"?
    Estou para aqui a escrever a escrever...vais-te fartar...
    um beijinho grande

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    Respuestas
    1. Obrigada por teres vindo, Chabela.
      Tocas um tema que me chega muito fundo, a crueldade gratuita de algumas pessoas. A simples ideia de que há gente que tortura a outra gente, transtorna-me, mesmo no cinema me faz sofrer.
      Prefiro pensar que são mecanismos cerebrais que escapam ao próprio sujeito, que acaba por inspirar-me dó por não poder ser de outra maneira. Ser mãe de um malvado deve ser terrível!
      Quanto ao que escrevi no comentário, devo dizer-te que em Espanha é muito normal, mas é verdade que o devia ter escrito em espanhol, para não ferir susceptilidades...
      E tens razão, é preciso ser amiga de verdade para aguentar uma piada, mesmo sem entendê-la bem. É preciso conhecer bem a pessoa,o que nem sempre acontece.
      Beijinhos

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  6. Eu achei a piada engraçada. Não acho que fira susceptibilidades. Acho é que realmente só se diz com quem temos muita confiança. Tenho uma amiga com quem também às vezes troco nomes parvos.
    Maria, ainda sobre o tema, às vezes também penso que essa crueldade de algumas pessoas as ultrapassa a elas próprias. É complicado. Porque existiu um Hitler, e outros como ele, e existem? O que faz com que as pessoas sejam assim?

    Concordo contigo, como deve ser triste ter na família um ser assim cruel. Não só mãe, mas irmã ou outra coisa próxima.
    Beijinhos e agora vou ver mais uns post teus assim mais antigos.

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