domingo, 18 de julio de 2010

WOODY ALLEN








Adoro este homem, guionista, director, actor, tocador do clarinete, vivedor, " louco baixito" dotado dum talento que me ofusca!

Chaplin criou Charlot ; J.Marx,  Groucho; Mário Moreno, Cantinflas; Peter Sellers, o inspector Clouseau, e Atkinson, mister Bean — por citar só alguns  dos que já são personagens clássicas da comédia .  No entanto, Woody Allen não "constrói" nenhum protótipo, porque se interpreta a si próprio, ele é o mesmo protagonista das suas quotidianas neuroses e fobias.  
Sofre uma permanente angústia existencial que a sua mente privilegiada reconduz e sublima através dum finíssimo  e irónico humor, imensamente cómico — sobretudo se é ele o intérprete dessas cenas antológicas de qualquer dos seus filmes, com  Annie Hall e Manhattan à cabeça.
 Cultiva  a figura dum anti-herói amante da reflexão, da elegância e de mulheres belíssimas, (e ainda por cima intelectuais e difíceis...), desde a insignificância dum físico  mirrado, com uma cara impossível, uns olhitos de permanente  desconcerto, de preocupação severa e enfermiça, imagem, enfim, duma pessoa sempre angustiada e perdida.
 A chave está, suponho, em lidar com as suas próprias misérias fazendo-nos rir  de si mesmo — quanto mais pequeno se mostra,  maior se faz, numa trama inteligente e sofisticada, que  maneja com genial mestria:  sempre  paranóico e perdedor,  faz-se rodear de personagens estùpidamente contentes de si mesmas e da sua clarividência, desmontando um mundo absurdo e ridículo,  entre as  gargalhadas dos que temos o imenso prazer de desfrutar do seu engenho.
Trata-se dum jogo demoledor, em que a prepotência e o equilíbrio emocional dos outros resultam ridículos, e as suas próprias inseguranças e angústias existenciais também —sofisticada ironia que ele domina como poucos.
 Carne de psiquiatra, profundamente neurótico, fez  do seu ego a  melhor personagem, num exercício catártico com o qual conseguiu sobreviver ao caos da existência, e ao mesmo tempo dar o melhor de si mesmo. (Como Chaplin :"Representei tantas vezes o papel dum homem pobre, que me tornei rico sem dar por isso"...)

 Já agora, alguma cita também do meu admirado Woody Allen:

  "Sou suficientemente feio e suficientemente baixo para triunfar por mim mesmo".

  "Se não nos equivocamos de vez em quando, será porque não o tentamos".

   "Até um relógio parado acerta duas vezes ao dia".

   "De adulto converti-me ao narcisismo".

  

7 comentarios:

  1. Muito bem! fartei-me de rir, porque o Woody Allen é mesmo assim! fez-me bem lê-la!
    Um beijinho do falcão

    ResponderEliminar
  2. E a mim soube-me bem falar dele, e que vossa mercê gostasse.Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. É isso: quando começas a "gostar" de falar em coisas de que gostas...estás no bom caminho!
    Boa semana
    M.J

    ResponderEliminar
  4. Quando "caminhamos" com pessoas que nos podem compreeder, já encontrámos o melhor dos caminhos. Beijinhos

    ResponderEliminar
  5. Sin duda Woody Allen disfrutaría de lo lindo con su original artículo, María...

    Descubrí su Blog por pura casualidad, y sentí mucha cercanía con su manera de ver a vida...

    Yo también soy portuguesa " exiliada", en este gran país que es Espanha hace muchos años, y siento alegría por leeros...Seguiré visitándoles, sin ninguna duda....

    Beijinhos....

    ResponderEliminar
  6. Gracias por sus palabras.
    Si vuelve a entrar deje su nombre,si quiere, claro!
    Beijinhos...

    ResponderEliminar
  7. Já li e gostei de ler.
    Fico à espera do próximo post sobre ele.
    Um beijinho grande

    ResponderEliminar