Adoro este homem, guionista, director, actor, tocador do clarinete, vivedor, " louco baixito" dotado dum talento que me ofusca!
Chaplin criou Charlot ; J.Marx, Groucho; Mário Moreno, Cantinflas; Peter Sellers, o inspector Clouseau, e Atkinson, mister Bean — por citar só alguns dos que já são personagens clássicas da comédia . No entanto, Woody Allen não "constrói" nenhum protótipo, porque se interpreta a si próprio, ele é o mesmo protagonista das suas quotidianas neuroses e fobias.
Sofre uma permanente angústia existencial que a sua mente privilegiada reconduz e sublima através dum finíssimo e irónico humor, imensamente cómico — sobretudo se é ele o intérprete dessas cenas antológicas de qualquer dos seus filmes, com Annie Hall e Manhattan à cabeça.
Cultiva a figura dum anti-herói amante da reflexão, da elegância e de mulheres belíssimas, (e ainda por cima intelectuais e difíceis...), desde a insignificância dum físico mirrado, com uma cara impossível, uns olhitos de permanente desconcerto, de preocupação severa e enfermiça, imagem, enfim, duma pessoa sempre angustiada e perdida.
A chave está, suponho, em lidar com as suas próprias misérias fazendo-nos rir de si mesmo — quanto mais pequeno se mostra, maior se faz, numa trama inteligente e sofisticada, que maneja com genial mestria: sempre paranóico e perdedor, faz-se rodear de personagens estùpidamente contentes de si mesmas e da sua clarividência, desmontando um mundo absurdo e ridículo, entre as gargalhadas dos que temos o imenso prazer de desfrutar do seu engenho.
Trata-se dum jogo demoledor, em que a prepotência e o equilíbrio emocional dos outros resultam ridículos, e as suas próprias inseguranças e angústias existenciais também —sofisticada ironia que ele domina como poucos.
Carne de psiquiatra, profundamente neurótico, fez do seu ego a melhor personagem, num exercício catártico com o qual conseguiu sobreviver ao caos da existência, e ao mesmo tempo dar o melhor de si mesmo. (Como Chaplin :"Representei tantas vezes o papel dum homem pobre, que me tornei rico sem dar por isso"...)
Já agora, alguma cita também do meu admirado Woody Allen:
"Sou suficientemente feio e suficientemente baixo para triunfar por mim mesmo".
"Se não nos equivocamos de vez em quando, será porque não o tentamos".
"Até um relógio parado acerta duas vezes ao dia".
"De adulto converti-me ao narcisismo".
Muito bem! fartei-me de rir, porque o Woody Allen é mesmo assim! fez-me bem lê-la!
ResponderEliminarUm beijinho do falcão
E a mim soube-me bem falar dele, e que vossa mercê gostasse.Beijinhos
ResponderEliminarÉ isso: quando começas a "gostar" de falar em coisas de que gostas...estás no bom caminho!
ResponderEliminarBoa semana
M.J
Quando "caminhamos" com pessoas que nos podem compreeder, já encontrámos o melhor dos caminhos. Beijinhos
ResponderEliminarSin duda Woody Allen disfrutaría de lo lindo con su original artículo, María...
ResponderEliminarDescubrí su Blog por pura casualidad, y sentí mucha cercanía con su manera de ver a vida...
Yo también soy portuguesa " exiliada", en este gran país que es Espanha hace muchos años, y siento alegría por leeros...Seguiré visitándoles, sin ninguna duda....
Beijinhos....
Gracias por sus palabras.
ResponderEliminarSi vuelve a entrar deje su nombre,si quiere, claro!
Beijinhos...
Já li e gostei de ler.
ResponderEliminarFico à espera do próximo post sobre ele.
Um beijinho grande